Rahman é herdeiro de uma das duas principais dinastias políticas do país – a outra é liderada pela primeira-ministra Sheikh Hasina – e está à frente do maior partido da oposição, o Partido Nacionalista do Bangladesh (BNP, na sigla em inglês), desde a detenção, em 2018, da mãe, Khaleda Zia, duas vezes primeira-ministra.
Na primeira entrevista dada a um grande meio de comunicação ocidental em vários anos, o líder político de 56 anos disse que o partido que dirige não vai participar numa votação cujo resultado alega ser predeterminado.
“O Bangladesh está a preparar-se para mais uma eleição fraudulenta”, disse por email à AFP a partir de Londres, onde vive desde 2008.
“Participar em eleições sob a liderança de [Sheikh] Hasina contra as aspirações do povo do Bangladesh, seria comprometer os sacrifícios daqueles que lutaram, derramaram sangue e deram as suas vidas pela democracia”, afirmou.
Tarique Rahman foi condenado a prisão perpétua à revelia, há seis anos, por orquestrar um ataque mortal com granadas num comício eleitoral de Sheikh Hasina. O político nega o crime e diz tratar-se de uma acusação forjada.
No ano passado, o BNP organizou uma campanha de protesto que durou meses, exigindo a demissão da primeira-ministra, durante a qual foram mortas pelo menos 11 pessoas e detidos milhares de opositores.
Em relação às próximas eleições, Tarique Rahman denunciou uma tática da Liga Awami, no poder, para minar as hipóteses do BNP e de dezenas de outras formações, que aderiram ao boicote.
O responsável denunciou a existência de candidaturas falsas da oposição, alinhadas com o partido no poder, para dar uma imagem de legitimidade às eleições. O objetivo, diz, é criar “uma impressão de concorrência, apesar de todos os resultados estarem predeterminados”, afirmou.
Rahman disse ainda que a Liga Awami está a ameaçar bloquear a ajuda governamental àqueles que não votarem nos seus candidatos.
Os Estados Unidos sancionaram as forças de segurança do Bangladesh em 2021, na sequência de alegações de violações dos direitos humanos. Outros países ocidentais também manifestaram preocupação com o desenrolar das eleições desta semana.
Sheikh Hasina, no poder desde 2009, prometeu eleições credíveis, depois de as anteriores votações, em 2014 e 2018, terem sido criticadas por irregularidades pelos observadores.
“Vão às assembleias de voto e votem de manhã para mostrar ao mundo que sabemos como organizar eleições de forma livre e justa”, disse Hasina, num comício eleitoral no sábado.
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